Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, e José Eduardo Cardoso, da Justiça, participam do início da operação
26 de maio de 2011 | 0h 00
Marta Salomon - O Estado de S.Paulo
Quatro dias depois de o governo ter anunciado a criação de um gabinete de crise para conter o avanço das motosserras na Amazônia, fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) flagraram a ação de dois tratores em Mato Grosso, Estado líder no ranking do desmatamento recente.
Com o uso de correntões, mais de 1 quilômetro quadrado de floresta havia sido derrubado em poucos dias e outros quase 2 quilômetros quadrados já haviam sido marcados para o abate de árvores quando os fiscais do Ibama chegaram.
As máquinas e os pesados correntões aguardavam ontem a chegada do Exército a Mato Grosso para serem retirados da propriedade. A fazenda Santa Maria foi visitada pelos ministros da Justiça, José Eduardo Cardoso, e do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, no início da operação de combate ao desmatamento no Estado.
Megaoperação.
A operação, que contará com quase 900 servidores da União em campo, tem a participação do Exército, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Força Nacional de Segurança e do Ibama. A operação é similar à deflagrada em 2008 e batizada de Boi Pirata.
"Quero desmatamento ilegal zero", insistiu Izabella Teixeira, uma semana depois da criação do gabinete de crise. Julho é o último mês de coleta da taxa anual de desmatamento de 2011, e o governo quer evitar uma taxa mais alta que os 6.451 quilômetros quadrados medidos no ano passado.
Entre agosto do ano passado e abril deste ano, o desmatamento na Amazônia já aumentou em 27%.
Áreas embargadas, como a da fazenda Santa Maria, serão monitoradas, assim como as autorizações para desmatamento, concedidas pelos governos estaduais.
O dono do imóvel, Nevio Manfio, produtor de arroz, teve os dois tratares apreendidos, levou multa de R$ 600 mil e não poderá comercializar a produção.
Os dois ministros explicaram o combate ao desmatamento em reunião com autoridades do Estado e representantes de produtores rurais.
Anistia.
Embora o secretário do Meio Ambiente, Alexander Maia, já tenha atribuído o desmate na região à expectativa de anistia gerada pela votação do Código Florestal e pela mudança da legislação ambiental em Mato Grosso, o motivo do avanço das motosserras causa divergência.
A Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Famato) alega que a grande maioria dos produtores cumpre a legislação.
"Não queremos que os produtores sejam prejudicados e repudiamos o desmatamento ilegal", disse o presidente da Federação, Rui Prado.
Dados apresentados aos ministros mostram, no entanto, que somente 5% de quase 500 quilômetros quadrados desmatados tiveram autorização do órgão estadual do meio ambiente e 95% do desmatamento em 2011 foi ilegal.
O governador Silval Barbosa (PMDB) isentou o zoneamento econômico ecológico sancionado recentemente por ele.
O governo federal estuda bloquear a lei, que passará por apreciação no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e da presidente da República.
"Não vamos aceitar deixar impunes os que cometeram crimes", disse o governador.
Ontem, ele anunciou que a relação dos desmatadores será encaminhada ao Banco Central para o corte de crédito. Anunciou ainda que estuda a proibição do uso de correntões no Estado.
Campeões de desmate
7 municípios deverão entrar para a lista dos que mais desmatam no País: Alto Boa Vista, Cláudia, Santa Carmem, Tapurah (MT), Boca do Acre (AM), Moju (PA) e Grajaú (MA)
41 já integram a lista e são alvo de fiscalização constante.
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